Fundada em 1º de março de 1565, aos pés do Pão de Açúcar, a cidade do Rio de Janeiro vinha sendo alvo da tentativa de colonização francesa. Dois anos depois, após a vitória portuguesa, o núcleo de povoamento foi transferido para o interior da Baía de Guanabara. A partir de então, foram erguidos os primeiros prédios públicos, as igrejas e as fortificações nos Morros do Castelo, São Bento, Santo Antônio e Conceição, cabendo aos primeiros colonos iniciar o desenvolvimento da cidade.
O início do século XVIII é marcado pelas primeiras construções de infraestrutura da cidade, como por exemplo o Aqueduto da Carioca, mais conhecido como os Arcos da Lapa. Como principal porta de saída do ouro descoberto nas Minas Gerais, o Rio de Janeiro cresce e ganha importância aos olhos da metrópole e, em 1763, torna-se a capital. É dessa época a construção do Passeio Público, do Porto da Gamboa, do Mercado do Valongo e do Chafariz de Mestre Valentim.
Em 1808, a chegada da corte portuguesa ao Brasil transforma para sempre a história do Rio de Janeiro – abertura dos Portos, Real Fábrica de Pólvora, Real Horto Botânico e Imprensa Régia foram algumas ações implantadas pela Família Real.
Já o século XX trouxe a grande transformação que romperia de vez com um Rio de Janeiro arcaico e colonial, tornando-o uma metrópole moderna, digna de uma capital federal, um exemplar de desenvolvimento, a “Paris dos Trópicos”. A população carioca era de 500 mil habitantes na época e essas pessoas tiveram as vidas totalmente transformadas a partir de 1902, com a reforma urbana do Prefeito Pereira Passos, também conhecida como “Bota Abaixo”. A iniciativa transformou a cara do centro da cidade com aterramentos, abertura de vias largas e modernas, os grandes bulevares, como a Avenida Central (hoje Rio Branco), construindo enormes palacetes, mas gerando, também, o deslocamento de moradores locais para bairros distantes, o desaparecimento de antigas vias estreitas, de vários cortiços e Igrejas na área portuária. Nas décadas seguintes, as reformas recebem continuidade e ocorrem os desmanches do Morro do Castelo e de Santo Antônio. As terras foram utilizadas para vários aterramentos, sendo os mais marcantes o do Aeroporto Santos Dumont e o do Aterro do Flamengo.
A última grande reforma realizada na região foi a abertura da Avenida Presidente Vargas, que destruiu quarteirões inteiros, quatro igrejas seculares, desapareceu com ruas e separou a antiga Rua Larga do tradicional centro comercial do Saara. Parte da Praça da República foi destruída e a Praça Onze eliminada. Arranha-céus substituíram a antiga arquitetura local, a nossa cultura não receberia mais a influência francesa e sim a norte-americana. A antiga estação ferroviária Dom Pedro II foi substituída pela Central do Brasil, que com o monumental relógio de quatro faces é o exemplo marcante da transformação.
Raul Melo Neto/Priscila Monteiro
Rios de História